por Nilton Ramos
Pela natureza humana, cometemos o pecado de pré-julgar apenas suspeitos, e condená-los, como se fôssemos juízes, ou Deus.
O papel do bom cidadão é de se informar, ouvir outros pontos de vista de mais de um veículo de comunicação do jornalismo brasileiro, para depois, formar sua opinião.
Mas mesmo assim, não fazer juízo de valor diante de um determinado fato, de uma conduta, e muito menos julgar.
O direito à livre manifestação, o direito ao livre pensamento é legal, entretanto, imperioso que também respeitemos o devido processo legal, e que todos somos inocentes, até prova em contrário.
Sabemos, todavia, que em terras tupiniquins seria pedir demais que 204 milhões de brasileiros tenham cautela quando se trata de crimes praticados contra o patrimônio público e crimes de sangue, como assassinato e a liberdade sexual.
O papel dos formadores de opinião vai muito mais além de tudo isso. Necessário que os articulistas de quaisquer veículos de comunicação, os jornalistas ‘não incitem’ os iletrados a cometerem lesões aos direitos fundamentais; não à apologia ao crime, incentivando a justiça com as próprias mãos.
Não é novidade que em terras brasileiras as ações criminosas de grupos de extermínio crescem cada vez mais.
Antes, sua maior incidência restringia ao nordeste brasileiro, atingindo as constantes lutas em defesa do meio ambiente na Amazônia, seus defensores, como Chico Mendes, dentre outros.
BANDA PODRE
Ainda somos vítimas das bandas podres nos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e nas polícias.
Ontem a Polícia Militar concluiu o Inquérito Criminal que investigava a existência de drogas nas dependências do 34º Batalhão da PMMG, localizado na Região Noroeste de Belo Horizonte.
Em junho, pelo menos dois militares foram presos em flagrante com drogas.
O Inquérito Penal será distribuído agora para a Justiça Militar de Minas Gerais.
O IP apontou que 16 buchas de maconha, 1 [uma] porção de crack, 55 de cocaína, 8 munições sem identificação do calibre, e outras 20 de calibre 12, mais 1 [uma] arma de fabricação artesanal foram apreendidos.
Os dois policiais militares lotados no 34º BPMMG negaram a acusação e se defendem alegando que estavam apenas ‘guardando’ os objetos ilícitos que teriam sido apreendidos em uma operação policial.
Caso seja comprovado o envolvido dos miliares no tráfico de drogas e armas, os dois, cujos nomes não foram revelados, serão expulsos da PMMG.
O que ainda não se sabe, é se apenas constam no IP os nomes de dois policiais, ou se há mais algum envolvido.
Mas são esclarecimentos que poderão vir a tona com novas diligências do Ministério Público Militar quando chamado a intervir na ação penal.
VALE DO AÇO
Ano passado jovem policial civil, Lúcio Lírio Leal foi julgado e condenado a 12 anos de reclusão pelo assassinato do jornalista investigativo, Rodrigo Neto de Faria.
Os advogados de defesa do apenado Apelaram da Sentença junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, pleiteando anulação do julgamento, recurso ainda não apreciado.
Mais recentemente foi a vez do matador de aluguel, Alessandro Neves Augusto [Pitote] ser julgado pelo Tribunal do Júri na Comarca de Entrância Especial de Ipatinga, no Vale do Aço.
Pitote, que assim como Lúcio, preso meses depois da execução do jornalista, foi condenado a 16 anos pela morte de Rodrigo Neto e homicídio tentado contra a principal testemunha da emboscada, L.H.O.

Pitote pode receber uma pena que ultrapasse 30 anos de reclusão, pois, ele é acusado da execução do também jornalista, o fotógrafo Walgney de Assis Carvalho, na Comarca de Coronel Fabriciano.
Loko Carvalho, como era conhecido, trabalhava na mesma empresa jornalística que Rodrigo, e também chegou a realizar alguns trabalhos para a polícia técnica do Vale do Aço.
A morte de Carvalho é tida como queima de arquivo, uma vez que informações indicavam que ele sabia demais.
No caso de Pitote, esse chegou a ser preso portando arma de fogo e uma identidade funcional falsa, da Polícia Civil. Ele tinha acesso às delegacias do Vale do Aço, e sua postura diante das câmeras é irônica, desafiadora e de muita confiança, pois, o mesmo se intitula nas redes sociais como ‘Alessandro Blindado. ’