Nelson Mandela se foi e a Apartheid está cada vez mais presente em nossas vidas

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por Nilton Ramos*

O mundo comemorou! 26 de abril de 1994 ocorriam as eleições que, em teoria, representavam o fim da separação de negros e brancos na África do Sul.

Em 11 de fevereiro de 1990, Nelson Mandela era finalmente solto da prisão, onde permaneceu preso desde 1962, por realizar viagens internacionais ilegalmente, e  depois condenado em 64 à prisão perpétua por se opor ao Regime de Segregação Racial Africano, por organizar movimentos armados contra o Governo.

Mandela formou-se em Direito, liderou por décadas movimentos que buscavam a igualdade entre os africanos, mas suas lutas eram políticas, pacíficas, e sem uso de armas, pelo menos no início.

Entretanto, o líder negro e seus seguidores não tiveram alternativa, sendo obrigados a recorrer à luta armada depois do massacre de Sharpeville, em março de 1960, quando a polícia sul-africana disparou armas letais contra manifestantes negros, tendo como consequência, a morte de 69 pessoas, e outros 180 feridos no confronto.

Mesmo da prisão, a liderança de Mandela era respeitada, havia encontros dentro da própria prisão, às escondidas, quando lideranças brancas buscavam costurar politicamente uma vida de liberdade e igualdade entre brancos e negros por conta da pressão internacional.

Foi eleito em 1994. Em junho de 2004, já aos 85 anos, Mandela deixava a vida pública. Mas por longos períodos, Nelson Mandela se envolveu diretamente em lutas sociais e combate à AIDS. Recebeu da ONU, o Prêmio Nobel da Paz em 1993, um ano antes de se tornar presidente sul-africano.

Os sul-africanos tiveram vários direitos reconhecidos, depois de décadas de perseguição, sofrimento, e muitas mortes.

Nelson Mandela desencarnou-se em 2013 aos 95 anos em sua casa, localizada na África do Sul.

Apartheid no Século XXI

O maior líder negro da história sul-africana se foi. Seu legado ficou. Mas até que ponto?

Não pretendo me reportar ao passado para falar dos números de vítimas da segregação. De toda forma de racismo, preconceito e violência contra os homens.

Basta me ater apenas aos Estados Unidos e ao Brasil. E depois, se convençam que a apartheid definitivamente não acabou. Está em nosso dia-a-dia, onde quer que estejamos.

Soma-se ao que chamam segregação, quaisquer formas de violências preconceituosas por conta da cor da pele, da situação econômica, da religião, política, opção sexual, etc.

Nos Estados Unidos da América, Martin Luther King Jr. teve um sonho, e esse sonho virou realidade, e todos são livres, iguais, devem ser julgados pelas suas ações, e não pela cor da sua pele.

E é justamente na maior potência mundial que são registradas carnificinas humanas. Policiais brancos assassinando negros desarmados e já rendidos.

E agora, em Charleston, na Carolina do Sul, famílias assistiam aterrorizadas seus filhos e/ou parentes serem exterminados a tiros por um jovem branco, de nome Dylann Roof.

A barbárie se deu no templo sagrado, numa igreja, durante estudo bíblico, frequentada por uma comunidade negra.

O homicida agiu com planejamento e dirigiu seus ataques por motivações racistas, segundo informa a imprensa norte-americana em seus contatos com os investigadores, após a prisão de Roof.

Brasil

Aqui na República das Bananas, terra de vários povos, miscigenados pela mistura de africanos, franceses, portugueses, italianos, franceses e japoneses, entre outros, fatos racistas se repetem.

Compartilhamos todas as formas de discriminações, em um país de 204 milhões de habitantes. Cuja a sua Constituição/1988 garante a liberdade religiosa, pois o Brasil é um Estado laico.

A hipocrisia deixa enrustida a segregação silenciosa, mas que ganha voz e defensores de movimentos que condenam, atacam e até matam, por conta de sua opção sexual, religiosa, política e econômica.

Finalizo, ao apontar recentemente a já tradicional parada gay [LGBT] que reúne milhares de cidadãos, principalmente no Centro de São Paulo.

Uma guerra preconceituosa se instalou no país, leis são discutidas no Congresso, nos gabinetes de parlamentares; líderes religiosos pregam a intolerância e a criminosa apologia à homofobia em nome de Deus.

Basta! Respeito é bom, e eu gosto.

Nilton Ramos
Bacharel em Direito; Pós-Graduado em Direito do Trabalho Lato Sensu; humanista e fundador-presidente da ONG CIVAS – BRASIL.
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