Por Marcus Pimenta
Um dos assuntos mais alardeados desde o último fim de semana foi que a Convenção do PSDB de São Paulo pareceu mais um ato em favor da candidatura do Governador Geraldo Alckmin à Presidência, em 2018. Simpatizantes comemoraram, opositores também, afinal, nada melhor do que um racha no principal partido de oposição num momento como o atual, certo?
Que os tucanos paulistas são mais vaidosos que os outros, não me parece ser apenas uma impressão. Até aí tudo bem, política e vaidade sempre andaram de mãos dadas e SP exerce certo protagonismo na política nacional. Particularmente discordo de toda essa discussão sobre 2018, iniciada em 27 de outubro de 2014, ou seja, um dia após a realização do segundo turno das últimas eleições. Lula 2018, Alckmin 2018 e até Bolsonaro 2018 já vimos por aí. Parece que muitos, de ambos os lados, estão bastante descolados do momento presente, no qual o país está mergulhado numa crise econômica, institucional, política e, especialmente, de confiança sem precedentes.
Mal sabemos como terminaremos 2015 e alguns afobados querem avançar o calendário em quatro anos. Está certo, eu entendo, quando imersos em situações adversas, nossa vontade é a de dormir e só acordar depois de o problema resolvido, não é mesmo? Ocorre que situação e oposição deveriam focar mais no presente e cumprirem melhor o papel que lhes cabe e o momento é o agora. Falta muito para 2018 e não dá pra dizer nem que o governo que está aí chega inteiro até lá.
O PSDB possui três pré-candidatos em potencial para representá-lo no próximo pleito presidencial, sem novidades, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra. Isso é ótimo. O PT tem apenas um. A desvantagem é que o PSDB precisa melhorar bastante no quesito coesão partidária. Organizar-se melhor internamente, não passar ao ambiente externo suas divisões internas. Prévias democráticas dentro de um partido são importantes e mostram que a legenda não é um grande coletivo de um homem só, todavia, união, estratégia e lealdade também são fundamentais para o sucesso de um projeto político.
Em minha opinião, o momento ainda é do Aécio. Seu desempenho nas urnas o credencia não somente como líder do partido que preside, mas o coloca numa posição de líder da própria oposição ao projeto de poder vigente. Há especulações, no entanto, de que a vontade destes senhores de concorrer novamente à Presidência da República é tão grande que caso o PSDB optasse por lançar Aécio Neves novamente, Alckmin já estaria abrindo caminho pelo PSB e Serra encontraria boa receptividade no PMDB, que certamente investirá num candidato próprio para 2018.
O que dizer disso tudo? Tirando a precocidade da conversa, não seria má uma pluralidade de projetos viáveis em lugar à já desgastada polarização entre PT x PSDB. Além disso, caso o hipotético cenário acima se confirme, é melhor que sejam oponentes nas urnas do que racharem um projeto viável com foguinho amigo e disputas internas.