O real brasileiro continua a enfrentar um desempenho fraco entre as moedas emergentes devido a crescentes preocupações fiscais. A falta de coordenação entre o presidente e o ministro da economia está aumentando a incerteza quanto ao compromisso fiscal do governo, prejudicando sua credibilidade. Mesmo com o crescimento robusto do PIB e a aceleração da inflação, esses fatores positivos têm sido ofuscados pelas preocupações fiscais.
O destaque desta semana é a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira. A expectativa é que o ciclo de cortes de juros seja interrompido, com uma decisão unânime dos diretores, o que pode ser interpretado positivamente para o real.
Desempenho do Ibovespa e Ações
O Ibovespa fechou a semana em uma nova mínima, caindo 0,9% em reais e 2,6% em dólares, encerrando aos 119.662 pontos. O principal destaque positivo foi São Martinho (SMTO3), com alta de 8,8%, devido a um movimento técnico, com a empresa divulgando resultados no dia 17 de junho. Por outro lado, as ações cíclicas, como Cogna (COGN3), caíram 7,2%, pressionadas pela inclinação da curva de juros.
Renda Fixa
No mercado de renda fixa, os juros futuros encerraram a semana com movimentos mistos pela curva. O diferencial entre os contratos com vencimento em janeiro de 2026 e 2034 passou de 88,40 pontos-base (bps) na semana passada para 86,50 bps. Nos Estados Unidos, a divulgação de dados de inflação ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) abaixo das expectativas, combinada com um discurso menos restritivo do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, levou a um recuo das taxas das Treasuries. O T-Note de 2 anos fechou em 4,67% (-20 bps) e o de 10 anos em 4,20% (-23 bps).
Economia dos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, o dólar tem mostrado sensibilidade a dados econômicos variados. Um relatório de inflação mais fraco foi bem-recebido, mas a recente reunião do Federal Reserve indicou apenas um possível corte de juros até o final do ano, impulsionando as taxas americanas e favorecendo o dólar. Nesta semana, os dados de vendas no varejo e os índices de atividade PMI, divulgados na terça e sexta-feira, respectivamente, serão cruciais para avaliar a demanda do consumidor americano.
Panorama Europeu
Na Europa, as incertezas políticas em torno das eleições para a assembleia francesa estão impactando os mercados. A possibilidade de que a maioria de Macron seja substituída por uma maioria de direita ou de esquerda, que possa desfazer suas reformas e aumentar os gastos, está gerando preocupações. Os spreads dos títulos franceses em relação aos alemães subiram, e os ativos de risco europeus recuaram. Os índices de atividade PMI da Zona do Euro, a serem divulgados esta semana, devem mostrar uma melhora contínua, consistente com um crescimento econômico modesto. Contudo, esses dados podem ser ofuscados pelas notícias políticas da França e pelas reações dos investidores a essas incertezas.
Mercados Globais e Agenda Econômica
Os mercados globais iniciam a semana com movimentos variados. Nos Estados Unidos, os futuros abriram sem direção definida, com o setor de tecnologia apresentando desempenho positivo. Na Europa, o índice pan-europeu Stoxx 600 opera em queda, aguardando a decisão de política monetária do Banco da Inglaterra. Na China, as bolsas fecharam negativas após dados mistos de atividade econômica.
No Brasil, o IBC-Br ficou estável em abril, ligeiramente abaixo das expectativas. A projeção para o crescimento do PIB em 2024 permanece em 2,2%. Na Europa, os salários aumentaram 5,3% no primeiro trimestre de 2024, o maior ritmo desde 2022, reforçando a necessidade de cautela no ciclo de flexibilização pelo BCE. Na China, a produção industrial avançou 5,6% e as vendas no varejo registraram 3,7%, enquanto os preços das novas casas caíram 3,9%.
A decisão de juros pelo Copom na quarta-feira será o destaque no Brasil, com expectativa de manutenção da taxa Selic em 10,50%. Nos EUA, os dados de vendas no varejo e produção industrial serão divulgados na terça-feira. No Reino Unido, a inflação de maio será divulgada na quarta-feira, seguida pelas decisões de política monetária do Banco Central da China e do Banco da Inglaterra na quinta-feira.