por Nilton Ramos*
O tema segurança pública e corrupção tem dominado nossas discussões. E isso não é bom. Nos revela que a sociedade, o cidadão que respeita a lei e a ordem tem sido o maior prejudicado, enquanto a criminalidade e seus atores tem saído como beneficiários, de alguma forma.
Os fatos corroboram com a leitura que fazemos. O quadro de insegurança e injustiça já não deixa o cidadão acreditar em dias melhores. Esses mesmos cidadãos estão presos dentro da sua própria casa, enquanto os criminosos estão à solta, ou travestidos de autoridades, sob uma farda de policial e/ou um distintivo e até mesmo infiltrado onde poucos imaginam seja capaz, fazendo parte, ou colaborando com atividades ilícitas de organizações criminosas, em troca de dinheiro sujo.
Seria de muita irresponsabilidade generalizar, mas sabemos que nem todos o são. Entretanto, também friso que não podemos mais falar em banda podre da polícia, do judiciário, do executivo e legislativo. Porque fica uma sensação que essa ‘banda’ está cada vez maior. Por que uma sensação que ela tem se sobressaído na comparação com os ‘mocinhos?’
Afinal, o crime compensa? Que valores devemos transferir para nossos filhos?
Que a melhor opção é nos omitir, fingir que não nos importa o que acontece ao nosso lado quando assistimos a um roubo ou um corpo crivado de balas e o sangue esvaindo-se até o último suspiro de um pobre inocente ?
De sexta para sábado, quatro jovens foram executados na cidade de Carapicuíba, na Grande São Paulo.
Matheus Moraes dos Santos e Douglas Bastos Vieira, de 16 anos, José Carlos Costa do Nascimento, 17, e Carlos Eduardo Montilha de Souza, 18, foram assassinados com tiros na cabeça, encontrados de bruços, próximos de duas motos.

A própria Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que nenhuma das vítimas tinha passagem pela polícia. Os quatro trabalhavam como entregadores de pizza.
Todas as vítimas foram abatidas por homens que usavam pistolas de calibre 380, do mesmo calibre das armas das chacinas de 13 de agosto em Osasco e Barueri, quando 19 pessoas foram mortas.
Apenas um policial da Rota, [Polícia Militar de São Paulo] foi detido, mas as provas contra ele são frágeis, segundo consta.
A Corregedoria da Polícia Militar e o secretário de Segurança, Alexandres de Moraes não se entendem, apesar do governador Geraldo Alkmin [PSDB] dizer o contrário.
Ouvidor de Polícia, Julio Cesar Fernandes Neves trabalha na linha de ação de grupos de extermínio, com base, principalmente depois das mortes de dois PM’s naquela região, em assalto a posto de combustíveis, em retaliação.

Corregedoria da PM é acusada pela secretaria de Segurança de São Paulo de atropelar as investigações, ao realizar 19 pedidos de busca e apreensão [um destes] na casa de um segurança particular, sem notificar a Polícia Civil.
A força-tarefa, composta por uma equipe de 50 policiais civis, com 30 homens do Demarco [Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo] e 20 do DHPP [Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa, mais 12 peritos e 8 médicos legistas ainda não apresentou nenhuma novidade sobre as execuções de agosto. Agora, passa a contar com outras 4 vítimas da violência.
Na ocasião, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo chegou a oferecer a Polícia Federal para auxiliar nas investigações, mas logo recuou, ao afirmar que o governo de São Paulo tem uma polícia muito competente.