O ex-presidente da Argentina Carlos Menem, que governou o país de 1989 a 1999, foi convocado nesta quarta-feira (30) para depor como testemunha no caso do atentado à associação judia Amia de Buenos Aires em 1994, que deixou 85 mortos, informaram a Agência Efe fontes oficiais.
A convocação é para a próxima semana e foi pedida pela Unidade Fiscal de Investigação (UFI) do atentado contra a Amia, explicou Marta Nercellas, advogada da Delegação de Associações Israelitas Argentinas (Daia), que é parte querelante no caso.
A decisão foi tomada após Menem apresentar uma declaração por escrito em 21 de março à Justiça na qual afirmava que seu filho Carlos Junior foi vítima de um atentado, anos depois de manter a hipótese de ter sido um acidente.
O ex-mandatário também expressou que conseguiu essa informação quando era presidente e esclareceu que não revelará “os dados sobre os autores”, ao considerar que se trata de um segredo de Estado.
“Adotei a mesma conduta no caso dos julgamentos por encobrimento do atentado à Amia”, acrescentou Menem, segundo informou a agência oficial “Télam”.
Diante dessas afirmações, a UFI especial do caso Amia quer que Menem forneça toda informação que puder ser útil à investigação sobre o ataque.
O filho de Menem morreu em 1995, após a queda do helicóptero no qual viajava junto ao piloto de automobilismo Silvio Oltra, em circunstâncias ainda não esclarecidas.
“Confirmo saber que meu filho morreu em um atentado criminoso”, disse Menem no escrito, no qual também acrescentou conhecer “quem, como e por que o assassinaram”, explicou a “Télam”.
Um dia após apresentar o escrito, um juiz pediu ao governo que se substitua da obrigação de guardar segredo a Menem, em meio à investigação sobre a morte de seu filho.
Nercellas afirmou à Agência Efe que “em princípio não há nenhuma vinculação entre a morte do filho de Menem e o atentado à Amia”, mas disse que o ex-presidente se referiu a ambos os fatos em seu escrito.
A advogada explicou que o Poder Executivo levanta os segredos de Estado “por tema”, por isso neste caso terá que pedir de novo ao governo que divulgue a declaração sobre o caso Amia, o que acredita que acontecerá.
Em setembro de 2015, Menem se negou a depor no julgamento oral que envolve ele e outros 12 acusados pelo encobrimento do atentado.