A movimentação do governo americano em direção a uma reserva estratégica de criptoativos pode transformar o mercado financeiro global e redefinir o papel do dólar.
Os sinais estão cada vez mais evidentes: os Estados Unidos podem estar à beira de anunciar a criação de uma reserva estratégica de criptoativos, possivelmente nesta sexta-feira, 7 de março. A ideia, que antes parecia especulação, ganhou força após uma sequência de declarações e movimentações políticas que mexeram com os mercados. Entre os protagonistas dessa história, está o ex-presidente Donald Trump, que fez uma declaração bombástica em sua rede social no último dia 2 de março, afirmando que sua ordem executiva sobre ativos digitais direcionou um grupo de trabalho presidencial para avançar com uma reserva estratégica de criptomoedas.
O detalhe que pegou o mercado de surpresa? A menção específica a três tokens: XRP (Ripple), Solana e ADA (Cardano). Essa seleção inusitada levantou suspeitas sobre possíveis conflitos de interesse e gerou forte volatilidade no mercado. O impacto imediato foi uma disparada no preço desses ativos: o XRP subiu mais de 30%, Solana e Cardano tiveram altas superiores a 50%. O mercado ficou dividido entre otimismo e desconfiança. Afinal, por que esses tokens e não o Bitcoin ou Ethereum? Minutos depois, Trump precisou corrigir o rumo e incluiu Bitcoin e Ether na lista, reforçando a importância desses ativos.
O Crypto Summit na Casa Branca, programado para esta sexta-feira, promete ser um marco nesse processo. David Sacks, que assumiu um papel-chave na regulação de criptoativos dentro do governo Trump, será o anfitrião do evento, reunindo fundadores, CEOs e investidores do setor. Há grandes expectativas de que seja feito um anúncio oficial sobre a criação da reserva estratégica de criptomoedas. O Secretário de Comércio, Howard Lenk, confirmou que Trump está comprometido com essa ideia desde sua campanha presidencial e que algo concreto pode ser anunciado ainda nesta semana.
Mas a pergunta que fica é: faz sentido uma reserva estratégica de criptomoedas? Depende da forma como isso será estruturado. Se o objetivo for criar um fundo soberano ou um fundo de inovação, incluindo criptoativos específicos, a ideia pode soar arriscada. Afinal, o governo americano não costuma investir dinheiro público em ativos especulativos de alta volatilidade. Por outro lado, se o foco for utilizar o Bitcoin como um ativo estratégico para reserva de valor, essa medida faria mais sentido, especialmente diante das incertezas sobre o futuro do dólar como moeda de reserva global.
O ouro ainda é mantido nos cofres americanos como uma segurança monetária. No longo prazo, o Bitcoin pode cumprir um papel similar, sendo um ativo descentralizado, escasso e tecnologicamente superior para armazenamento digital de valor. Se essa for a intenção da Casa Branca, os efeitos no mercado de criptoativos podem ser avassaladores, impulsionando o preço do Bitcoin para patamares jamais vistos.
De qualquer forma, a decisão de Trump de nomear ativos específicos já deixou marcas no mercado e levantou dúvidas sobre a imparcialidade desse movimento. O futuro das criptomoedas nos Estados Unidos está em jogo, e a próxima sexta-feira pode entrar para a história como um dia decisivo para a regulamentação e adoção institucional dos ativos digitais.