Há poucos dias tinha ido atender a uma empresa que possui diversos profissionais de fonoaudiologia, terapia ocupacional e fisioterapeutas a seu serviço. Ao chegar, alguém me disse que a diretora estava preocupada porque uma das profissionais havia discutido com um colega e estava transtornadíssima, a ponto de não ter a menor condição de fazer o atendimento seguinte, que já estava designado para ela.
Assim que tomei conhecimento da situação sugeri que a profissional viesse conversar comigo numa sala à parte, porque iria ajudá-la a recuperar o foco em seu trabalho. Bastou 15 minutos de conversa, para que por meio de perguntas, conduzisse seu foco cerebral, de um estado, onde o indivíduo fica pobre de recursos, para outro, onde se sente empoderado e capaz.
Nosso cérebro é assim mesmo. Ele é repleto de sinapses, que são ligações onde os pensamentos percorrem e assim, determinam nosso comportamento. Existem verdadeiros caminhos cerebrais que nos deixam pobres em termos de performance. Outros têm o efeito contrário. Nos deixam otimistas, engajados, abertos e com uma sensação forte de bem-estar.
Um bom coach (profissional) consegue direcionar seu coachee (cliente) para estados mentais, que ajudem a ter novos hábitos, alinhados com seus principais objetivos e a um desempenho de alta performance, valendo-se desse mecanismo cerebral.
A discussão que a profissional teve com a funcionária da clínica tinha conduzido sua mente para um estado quase depressivo. Ela sentia-se humilhada e desvalorizada e por isso estava num estado de indignação e aparentemente, impossibilitada de se recuperar, dentro tempo que ela tinha para se recompor. Mas, eu sabia que era apenas uma questão de sinapses cerebrais e responder perguntas estratégicas poderia conduzir seu foco cerebral para um estado melhor.
Quando a diretora da clínica chegou ao consultório ficou boquiaberta. Ela viu a profissional sorridente dando um excelente atendimento, como se nada de ruim tivesse acontecido a poucos minutos atrás. A diretora, imediatamente me chamou, para perguntar qual tinha sido a “mágica” que havia usado em minha curta conversa. E expliquei para ela que apenas conduzi o processo com um diálogo participativo, onde aos poucos, a mente da pessoa vai mudando de foco. É um pouco do que uma boa ferramenta de coaching pode proporcionar a um coachee.
Estou citando esse caso recentemente ocorrido, para exemplificar que, infelizmente, muitas pessoas estão vivendo esse tipo de situação. Ficam reféns de seus pensamentos e crenças limitantes. Basta um desentendimento para que não encontrem forças ou capacidade de recuperação, e assim, não conseguem exercer seu melhor desempenho.
Aprendi há um bom tempo, que temos alguns caminhos preferenciais em nosso cérebro. E esses caminhos determinam nosso comportamento e hábitos. Mas, temos também a possibilidade de percorrer novas sinapses cerebrais, que nos conduzem a novas atitudes e podem romper com alguns paradigmas limitantes.
Sobre paradigmas, é importante destacar que, normalmente, não queremos ter o trabalho de pensar. Isso exigiria de nós percorrer novas sinapses. Preferimos produzir respostas instantâneas, dentro do mesmo padrão de pensamentos, ainda que não sejam coerentes com a realidade. É mais fácil seguir nosso próprio modelo mental, e se indignar, resignar-se, recuar ou desanimar. É mais cômodo ficar sofrendo as mesmas coisas de sempre.
Muitos cultivam hábitos gerados por esses modelos mentais e seus paradigmas, e com isso sofrem as suas consequências ao longo da vida. Além de provocarem uma performance mediocre, esses hábitos também deterioram a comunicação pessoal, comprometem a qualidade dos relacionamentos nas organizações e nas famílias, causando aborrecimentos e rupturas.
Alguém já disse no passado: vigie seus pensamentos, porque eles se tornarão palavras; vigie suas palavras, porque se tornarão atos; vigie seus atos, porque se tornarão hábitos. E finalmente: vigie seus hábitos, porque determinarão o seu futuro.
Tenham uma boa semana, e sucesso!!!