por Nilton Ramos*
A crise hídrica se transformou em um momento de desespero, terror e apocalíptico.
O país inteiro sente a escassez do líquido da vida. Incontáveis alertas foram dados. E ganhou nossa atenção quando o esvaziamento das represas de água que abastecem as cidades brasileiras afetaram diretamente a nossa rotina, porque houve racionamento de energia e o seu encarecimento.
A crise hídrica se acentua agora com a experiência vivida por dezenas de cidades interioranas, e mesmo que pareça inacreditável, em cidades onde a qualidade de vida até então, tida como modelo, pois não havia poluição, grandes prédios, indústrias, alto volume de veículos automotores, poluidores do ar, entre outros.
Para ilustrar, citamos pequenas cidades como Caratinga, Inhapim e São Domingos das Dores, todas localizadas no Leste de Minas Gerais.
Inhapim, por exemplo, a situação não é diferente, pois inicialmente se tentou, sem sucesso, o rodízio no consumo de água potável. Pouco depois, concluiu-se que a barragem localizada no córrego São Silvestre, que alimenta os consumidores, está com sua capacidade muito abaixo do regular, e pior, que havia um vazamento desperdiçando grande quantidade de água.

O quadro obrigou o Município a interferir na vida escolar de dezenas de alunos da rede, reduzindo a carga horária pela falta de água nas escolas.
Copasa informou que caso a seca persista, o quadro pode se agravar ainda mais. Antes, 47 litros eram captados por segundo pela exploradora dos serviços. Agora, são 23 apenas.
APRENDEMOS NA DOR – Nosso papel enquanto figuras públicas, por certo, é informar para formar cidadãos conscientes. O momento é de extrema gravidade por conta da crise hídrica, provocada pela estiagem, pelo consumo excessivo de água, pela poluição dos nossos rios e pelo desmatamento.
Todavia, não podemos olvidar que século, talvez séculos de bilhões de vidas no planeta Terra já estejam comprometidos pela ignorância e o individualismo humanos.
Por décadas comprovamos as campanhas realizadas, com escopo de conscientizar a população a economizar água, ao uso consciente do líquido precioso.
Se experimentamos a gravidade atual, é porque as campanhas não deram resultado. As pessoas ignoraram todos os esforços. Continuaram a usar e abusar do uso da água; lavando calçadas com mangueiras, carros, ruas, enchendo piscinas nos fundos de sua casa, entre outros.
Mas não é só isso. A responsabilidade por tudo isso é nossa mesmo. O lixo produzido sai de nossas casas e vai para os rios. Demoram décadas para que a natureza se encarregue da decomposição. Uma quantidade inestimável acaba parando nos rios.
Queimadas são feitas, principalmente no verão. Árvores vão ao chão. A mata nativa tem sido destruída dia após dia. Com isso, as nascentes secam. O homem fincou pé nas regiões ribeirinhas, com interesse puramente mercantilista.

Maioria destes, sem acompanhamento especializado algum inicia projetos de plantio, construção e criação de animais no local.
Não pensa em mais ninguém. Pelo contrário, ele se autodeclara dono da natureza, faz dela o que quer. Tira o máximo que pode, mas não se preocupa em devolver o que dela tirou. Espera que a natureza se encarregue sozinha de se recompor. Seria possível sim [relativize], desde que houvesse uma combinação de eventos, mas esses eventos carecem da colaboração do homem, porque estamos integrados a ela.
Não sou especialista em discutir recursos hídricos, mas nas redes sociais o que não faltam são sugestões de como economizar água.
Mas falar em economizar água quando o estrago já foi feito? Hipocrisia das grandes essa.
Momento é de encontrarmos soluções para minimizar os efeitos do homem e sua prática de autodestruição ao lesar o próprio habitat.
Não poluir já seria um bom começo. Plantar árvores onde elas não mais existem, sobretudo próximo às nascentes. Ainda não basta. A conscientização precisa começar em casa, alcançar as escolas, enfim, todas as comunidades.
A tarefa é árdua. Reflitamos sobre: se a vida humana foi banalizada no limiar do século XXI, esse mesmo homem seria capaz de se preocupar com a Terra, sua casa?
NOTA OFICIAL – O prefeito de Inhapim, Hamilton Chagas Filho – Bó – [DEM] se reuniu com seu secretariado na manhã desta quinta-feira, e determinou uma série de mudanças no funcionamento da estrutura da Prefeitura de Inhapim e suas secretarias.
O foco principal é a economia de água até o inicio da temporada das chuvas. A equipe técnica da Companhia de Saneamento do Estado de Minas Gerais [Copasa] e a Prefeitura de Inhapim tenta uma medida paliativa junto ao reservatório de água.
Foi detectado vazamento; a estimativa é que o mesmo está jogando fora 250 litros de água por segundo, tal intervenção visa conter o vazamento e fazer com que a represa volte a verter [jorrar] seu curso normal.
A expectativa é que as obras fiquem prontas em três dias.

O prefeito baixou decreto proibindo o uso de água do córrego São Silvestre para irrigação de lavouras, hortas, e qualquer tipo de medida que venha a comprometer o abastecimento da população urbana de Inhapim.
Foram ratificadas também pela Administração Municipal as medidas de economia de água, com a proibição de lavar calçadas, ruas, varandas etc.
Neste caso, quem for pego desobedecendo as medidas anunciadas pelo Governo Municipal, em detrimento da sociedade sofrerá os rigores da lei.