Entre a retórica inflamada de Trump e os recuos econômicos na China, o cenário internacional vive momentos de tensão e incerteza
No último ciclo, os índices globais continuam a sofrer com o sentimento de aversão ao risco, num cenário que vem se deteriorando a passos largos. Em Nova York, a pior semana do ano registrou quedas superiores a 3%, estendendo um cenário negativo que já começou a semana com uma nova baixa de mais de 1%. Na Europa, a situação também é crítica, com uma média de declínio que reflete a inquietude dos investidores.
Essa onda de pessimismo se sustenta em dois pilares fundamentais. Por um lado, a instabilidade provocada pelas políticas tarifárias do presidente Trump gera receio quanto aos impactos na economia dos Estados Unidos e, consequentemente, no mercado global. A preocupação se intensificou após declarações televisivas em que Trump admitiu a possibilidade de uma recessão no país, enfatizando a fragilidade do atual panorama econômico.
Do outro lado, a economia chinesa vem mostrando sinais preocupantes: pela primeira vez em mais de um ano, o país enfrenta um episódio de deflação, evidenciando fraquezas que alarmam os investidores globais. Além disso, a tensão comercial se agrava com uma nova disputa – desta vez entre a China e o Canadá – onde tarifas que variam entre 25% e 100% foram impostas a produtos alimentícios canadenses, como retaliação a medidas anteriores sobre aço, alumínio e carros elétricos.
Enquanto as bolsas norte-americanas e brasileiras ajustam seus horários operacionais – com a B3 retornando ao fechamento às 17h –, outros indicadores acompanham o clima de incerteza. O petróleo Brent, por exemplo, mostra uma leve recuperação, subindo 0,3% e rondando os US$ 750, mas commodities como o minério de ferro registram quedas de 0,7% na madrugada. Já o índice do dólar (DXY) cedeu terreno, recuando 0,2%, um alívio relativo num ambiente onde o Bitcoin também voltou a fraquejar, permanecendo em torno dos US$ 82.000.
Nesse contexto, a política e os negócios se encontram numa encruzilhada. Em Brasília, o início do ano ganha novas nuances com a posse dos ministros das Relações Institucionais, Gleise Hofmann, e da Saúde, Alexandre Padilha, que assumem com missões estratégicas em vista das eleições de 2026. Paralelamente, a temporada de balanços empresariais no Brasil continua, reforçando a dinâmica de um mercado em constante adaptação frente a um cenário global cada vez mais incerto.
Enquanto os investidores se mantêm cautelosos, o cenário internacional pede atenção redobrada e uma análise minuciosa dos desdobramentos políticos e econômicos. Em meio a tantas variáveis, a única certeza parece ser a volatilidade – e a necessidade de se preparar para os desafios que se desenham no horizonte.