As grandes oscilações da moeda americana causam grande preocupação no país. Entretanto, para alguns setores a subida do dólar representa a retomada de competitividade.
Desde o final do ano de 2014 estamos acompanhando as grandes oscilações do valor do dólar frente ao real. Antes do fim do primeiro trimestre do ano de 2015, a moeda americana ultrapassou a maior valorização em dez anos, fechando em patamar superior a R$ 3,00 e acumulando uma alta de mais de 14% em um ano.
As incertezas dos ajustes fiscais informados, a desaceleração da economia, os índices inflacionários elevados, as crises hídrica e energética, a operação Lava Jato e algumas variáveis externas, como por exemplo a crise na Grécia, contribuem para a especulação e a preocupação dos investidores. Tudo isso ocasiona a fuga de dólares da economia e consequentemente a depreciação da moeda brasileira.
Mesmo com a elevação da taxa de juros para 12,75% ao ano, os investidores não possuem confiabilidade para injetar dinheiro no país. Ou seja, os juros elevados não atraem os investidores, já que o clima de incerteza prevalece.
Entretanto, o câmbio valorizado é um atrativo para a indústria brasileira, que vê nessa alta a elevação da competitividade para os setores exportadores, uma vez que o dólar valorizado auxilia a balança comercial, que registrou nos últimos dois anos, no segmento de manufaturados, um déficit acima de 100 bilhões.
Se por um lado a alta do dólar aumenta a competitividade das empresas exportadoras, por outro lado esse aumento é um grande desafio para as importadoras, que terão impacto negativo, visto que os custos dos seus produtos serão elevados e, consequentemente, perderão sua fatia de mercado.
Um setor importante que sentirá os efeitos da valorização do dólar é o setor de viagens. Nesse primeiro momento não apresentaram nenhuma redução na procura dos seus serviços, mas com as grandes oscilações da moeda americana, as viagens internacionais ficarão mais caras. Dessa forma, os consumidores repensarão seus destinos, uma vez que a viajem terá mais impacto em seus bolsos.
Por hora, a valorização do dólar não trará pressão inflacionária, já que o mercado interno está enfraquecido. As empresas terão que se ajustar internamente e não poderão repassar seus custos ao consumidor. Porém, alguns produtos certamente influenciarão nos índices inflacionários, já que muitos produtos que estão diariamente na mesa do brasileiro, como o pãozinho francês, ficarão mais caros, pois, seu ingrediente principal, o trigo, é importado.
Em curto prazo o dólar elevado favorecerá os segmentos exportadores, já que para muitos analistas da área o valor do dólar ideal fica em torno de R$ 3,00. Entretanto, em longo prazo, será necessário a realização de ajustes, já que nosso país não é um gerador de produtos de valor agregado, ou seja, nosso país exporta insumos e importa valor agregado, o que afetará o equilíbrio das contas.