by Nilton Ramos
Incoerente aceitação, assim como na Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016, no Brasil, tendo como sede a cidade do Rio de Janeiro.
Os fatos por si só demonstram a incapacidade econômica, organizacional, e moral diante de um povo que é ‘condenado’ à maior carga tributária já vista, e o que é mais grave, sem a contraprestação do estado.
O legado da Copa do Mundo está aí pra todo mundo ver. Obras faraônicas prometidas ainda para antes da competição não foram entregues. A maioria das arenas um ‘elefante branco’, e gera como consequência, gastos absurdos para a sua manutenção.
Como na Copa que o Brasil deu de presente para a Alemanha, já podemos esperar uma tragédia anunciada também nas Olimpíadas de 16.
A fatura já está sendo paga, principalmente pelo povo fluminense, com o caos na saúde pública e na segurança.
Agora mesmo, o prefeito Eduardo Paes assinou com o governador do Rio de Janeiro, Luiz Eduardo Pezão, ambos do PMDB, a transferência dos hospitais Albert Schweitzer e Rocha Farias para o município.
Pezão já havia decretado estado de emergência, estratégia que maioria dos prefeitos e governadores brasileiros utiliza para destravar os entraves gerados pela burocracia e facilitar a liberação de verbas federais. Dinheiro que quase sempre chega em sua totalidade àqueles que mais precisam. São usados para reforçar o caixa de campanhas eleitorais, uma prática comum e criminosa nesse país de corruptos.
O caos na saúde pública se juntou à segurança pública, e parece não ter mais fim. Os hospitais, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) estão sucateados.
O próprio governador já declarou que o Estado não tem dinheiro em caixa para pagar o 13º salário aos servidores públicos. Esse quadro tem atingido em cheio o atendimento na área da saúde. Faltam materiais que impedem que os profissionais trabalhem. Pacientes morrem sem atendimento. Um completo descaso do serviço público carioca.
ECONOMIA – Estimativas orçamentárias para as Olimpíadas de 16 indicam até aqui custo com as arenas na ordem de R$ 6,6 bilhões. Investimento do Comitê Rio-2016 de R$ 7 bilhões, totalizando R$ 38,7 bilhões
Para se ter uma noção dos gastos, a Copa de 2014 consumiu R$ 27,1 bilhões. As Olimpíadas de Londres em 2012, R$ 50,2 bilhões no câmbio atual, com o real desvalorizado frente à moeda norte-americana.
Paes e Pezão são responsáveis pelo caótico quadro experimentado pela saúde pública carioca, em nome do ‘pão e circo’ e da festa para o inglês ver’, Olimpíadas se tornaram prioridade, enquanto a vida à margem do interesse fundamental.
Na página oficial do governador Luiz Fernando Pezão, entre os objetivos de seu governo, ele afirma que os mais urgentes é “Melhorar o atendimento médico e a qualidade dos hospitais do estado do Rio, que nos últimos anos investiu em novos hospitais e apostou em levar a atenção básica para perto das pessoas. Nos últimos 7 anos o estado ganhou UPAs, Clínicas da Família, Rio Imagem e o dobro de investimentos na área.”
Pezão apostava que “com a criação das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), um dos projetos mais inovadores do setor no país, o estado ajudaria a desafogar as emergências hospitalares já que 99% dos casos atendidos são resolvidos na própria unidade. O Rio de Janeiro já conta com 56 UPAs (19 no interior) que realizam serviços de clínica médica, pediatria e odontologia,” o que está provado não ocorreu, tanto que dois dos mais importantes hospitais estaduais passaram a ser geridos pelo Município, que tem como prefeito Eduardo Paes.
Disse que “a rede hospitalar estadual foi totalmente remodelada, com novas unidades de alta complexidade em todo o estado. De 2007 a 2013 foram R$ 20 bilhões investidos na rede, que ganhou novos hospitais e um aumento de 182% de internações e um crescimento de 252% no número de leitos de UTI”, mas não é o que o cidadão tem recebido, pelo contrário.
GASTANÇA – Em meio à mais grave crise financeira no estado, assessoria do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) anuncia que ele pretende um gasto em propaganda institucional para o ano que se inicia de R$53 milhões, contra os R$14 milhões do ano passado.
Todavia, Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), deputado da bancada de oposição na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro alerta que a farra na autopromoção com dinheiro público pode chegar aos R$58 milhões, o que é inaceitável, enquanto pessoas morrem sem tratamento médico na Rede Pública de Saúde.
SPIN
Numa recente pesquisa da revista Veja, da editora Abril, São Paulo e Paraná são apontados pelo ranking de competitividade como os dois melhores estados que cujos seus governadores, Geraldo Alckmin e Beto Richa melhores administram os segmentos Educação e Segurança Pública.
Contudo, como acreditar na metodologia utilizada para medir o índice de satisfação da população com os respectivos governos, diante de cerca de 30 mortes em chacinas na Grande São Paulo, tendo como suspeitos, policiais, e que ainda não esclarecidas?
A violência e truculência na repressão praticados pela Polícia Militar de São Paulo contra os professores e alunos quando o governo do PSDB tentou empurrar goela abaixo uma reformulação profunda no sistema de ensino, separando por faixa-etária e ciclos os estudantes, com fechamento de escolas, sem a discussão prévia?
A resistência, principalmente dos estudantes que ocuparam por meses escolas públicas e derrotas no Poder Judiciário forçaram o estado a recuar.
Situação igual ocorreu no Paraná, quando a polícia reprimiu com violência manifestação de professores e alunos, que apoiaram a categoria em seus protestos.
Profissionais da Educação deflagraram greve por melhores salários e a forma de custeio do fundo previdenciário dos servidores públicos.